A cooperação é a base do futuro.
Ela sintetiza todo o passado
e confere propósito ao presente.
Cooperatismo
A pedagogia capitalista chega à sua maturação de desenvolvimento; agora, ela abre espaço, naturalmente, para uma nova pedagogia econômica, que é a transmutação superior do capitalismo: o Cooperatismo. Toda a razão de ser, pensar, sentir e agir, em termos econômicos e políticos, será nova e superior. Desde o nascimento, seremos formados no exemplo de cooperar, e não mais competir; de compartilhar, e não mais reter; de servir, e não mais destruir — bases de uma civilização avançada e intuitiva. As engrenagens do capitalismo serão as mesmas: os agentes lucrarão, o sistema se expandirá e continuará evoluindo. O que muda é a intenção, o propósito que movimenta o sistema. É a era nova e superior da economia.
Capitalismo:
Aspecto individual como forma de pensar, sentir e agir da economia e dos agentes econômicos. Pedagogia que criou as condições para o surgimento do Cooperatismo.
Cooperatismo:
Aspecto sistêmico como forma de pensar, sentir e agir da economia e dos agentes econômicos. Pedagogia que amplia o sistema capitalista.
A Flor da Vida e o Cooperatismo
"O Capitalismo levou a Humanidade até os três primeiros chakras, ou estados de consciência; o Cooperatismo, por sua vez, a levará ao quarto e, de lá, ao topo da cabeça."
PERGUNTAS E RESPOSTAS
Saulo Vale Bentes: Cooperativismo é um movimento que já existe há muito tempo. É essa a ideologia que você se refere?
Ricardo Durigan: Existe algo parecido desde meados de 1800, é verdade. Mas, neste caso, refiro-me a algo que será vivido definitivamente como a ideologia do sistema econômico e, principalmente, em termos educacionais da economia.
O sistema econômico reflete diretamente a natureza psicológica dos indivíduos. Se o indivíduo evolui e se amplia, o mesmo acontece na economia. É importante lembrarmos que nós mesmos somos a própria natureza psicológica da economia em movimento. A economia é, de fato, o nosso próprio estado de consciência em atividade.
Mas, neste caso, eu chamo de Cooperatismo e não de cooperativismo. O cooperativismo é um movimento onde os agentes se juntam em cooperativas e visam lucros e benefícios comuns. O Cooperatismo, por sua vez, difere do cooperativismo; ele vai além. Como alma de todo o sistema e pedagogia econômica, ele refletirá o Novo Estado de Consciência que emerge nos seres humanos.
Saulo Vale Bentes: Entendo. Também penso na cooperação como valor último da economia ao invés da competição, mas acredito ser utópico isso. Numa cooperação o lucro não é objetivo último e sim o maior ganho possível de todos os integrantes, é uma ideia diferente de excedente econômico.
Ricardo Durigan: É uma mudança profunda e significativa na maneira como pensamos, sentimos e agimos. A transição do capitalismo para o Cooperatismo nos ensinará a pensar, sentir e agir sempre com o propósito da cooperação, e a nova pedagogia econômica contribuirá para isso. Por exemplo, o objetivo de criar uma Universidade é cooperar e evoluir com os saberes humanos cada vez mais de forma inter transdisciplinares; de montar uma empresa, é buscar soluções inovadoras, sociais e sustentáveis em cooperação com outras; de transformar a tecnologia, é cooperar com a natureza, as pessoas e o planeta; de realizar um concurso público, é cooperar genuinamente com um setor da vida pública; e de se tornar um político ou participar de movimentos políticos, é cooperar efetivamente com as mudanças necessárias. Em suma, o propósito de nossas ações é cooperar. A palavra do futuro se chama cooperação.
O senso de responsabilidade e a intenção de cooperar e servir antes de qualquer pensamento de lucro, reconhecimento ou gratificação pessoal serão as bases da consciência do Cooperatismo.
Esta nova pedagogia e psicologia econômica transformam completamente as relações humanas, entre si e com os demais reinos da natureza, pois o Cooperatismo reverencia e respeita todas as formas de vida – Mineral, Vegetal e Animal – em seu sistema de pensamento, sentimento e ação. Isso nos ensinará a pensar não apenas em nós, seres humanos, mas de maneira ampla, integrada e amorosa em todos os Reinos da Natureza.
O capitalismo fundamentou-se na separatividade e na competição entre os seres humanos, aspectos importantes para o estágio de desenvolvimento da individualidade. No entanto, no atual ciclo em que entramos, torna-se necessário uma perspectiva mais ampla e inclusiva. Apenas por meio de um sistema econômico baseado na unidade e na cooperação poderemos avançar.
Isso estabelecerá na economia mundial um dinamismo superior para as vidas das pessoas, empresas e nações em corretas relações humanas. Ao pensar em realizar algo, nosso foco não será mais no que ou quanto ganharemos, mas em como e quanto podemos cooperar. Por fora, pode parecer igual, já que lucros ocorrerão, mas as intenções internas nas mentes e corações serão novas e inspiradoras.
Quanto mais elevada for a intenção, maior será a sua expansão.
O Cooperatismo sintetiza todos os 'ismos', harmonizando o passado e acolhendo um futuro intuitivo.
Saulo Vale Bentes: E se um dia a cooperação viesse a ser a base, haveria uma mudança profunda no mercado já que intercooperação é um valor implícito.
Ricardo Durigan: Sim, tudo na vida se transforma naturalmente de tempos em tempos, e depende de nós trazermos à manifestação esta nova fase do desenvolvimento econômico, que é, na verdade, uma nova fase da própria consciência humana.
O Cooperatismo é percebido como a nova fase a ser vivida. Quanto mais pessoas o assimilarem, sentirem juntos e, com uma mesma mente e coração, o fomentarem, mais rapidamente ele se materializará como a nova ideologia, pedagogia e psicologia do sistema econômico. Na verdade, ele transcende o aspecto econômico, abrangendo também os campos político e psicológico da vida humana. A essa síntese da nova fase da consciência humana, chamamos Cooperatismo.
Ousaria dizer que o Cooperatismo já vem rapidamente ganhando espaço nas mentes, sentimentos e vidas das pessoas ao redor do mundo, em diversas áreas e sob diferentes nomes.
Haverá duas formas de ele se instalar, como acontece com qualquer sistema que se atualiza: uma pela nossa compreensão, participação e percepção cíclica do tempo; ou, de forma mais brusca e intensa, por meio de muitas purificações (crises econômicas), se não houver a abertura e colaboração necessárias de nossa parte, das empresas, instituições e nações.
Eu diria que a atual crise econômica mundial, tanto no âmbito grupal quanto individual, que muitos estão enfrentando, reflete diretamente essa atualização econômica que se aproxima. É a maneira encontrada por esse novo impulso para se materializar, já que crises profundas abrem e forçam as mentes humanas e estruturas resistentes a qualquer tipo de renovação a se abrirem para novas e amplas mudanças.
Essa renovação já encontra canais em muitos seres e grupos ao redor do mundo que trabalham pela sua implementação em todos os aspectos da vida. Essas pessoas são reconhecidas porque carregam em seus peitos a chama viva da Cooperação.
"A lição que a crise econômica mundial proporciona é única: ensinar às pessoas e às nações que o único caminho, diante das corretas relações humanas, é a cooperação. Existe intercooperação em tudo o que é natural, vivo e se movimenta – do átomo ao universo. Se a economia quiser se sustentar e evoluir, terá que aceitar essa lei básica da natureza, cujo símbolo máximo e intuitivo se encontra na equação do Cooperatismo."